O chimarrão é utilizado no sul do país e América do Sul desde muito
antes do descobrimento do Brasil e, sua história é permeada de mitos e
crendices que antecedem até mesmo o seu descobrimento.
Inicialmente utilizada apenas pelos pajés das tribos, a “Caá-y” ou água
da erva saborosa teve seu segredo revelado por “Tupã”, o deus dos
índios. Mais tarde, durante uma guerra com tribo inimiga, o segredo foi
ensinado aos guerreiros guaranis que, sentindo-se renovados com os
benefícios da erva-mate, venceram a batalha.
Foram soldados espanhóis os primeiros a ter contato com o mate.
Descobriram na região do Guairá – hoje atual estado do Paraná – uma
tribo Tupi Guarani que diferia das demais por ser alegre e hospitaleira e
por ter instituído entre seus habitantes, o consumo de uma bebida
desconhecida chamada “mati”, que no vocábulo quíchua significa
recipiente. A primeira vista, os soldados consideraram a bebida amarga e
selvagem e a chamaram “cimarrón”, que do espanhol quer dizer “xucro”.
Com a chegada dos padres jesuítas às Américas e a fundação das primeiras
reduções, o consumo do chimarrão foi considerado pecado e seu uso
perseguido pela igreja. Percebendo que a perseguição e as ameaças não
surtiam efeito sobre os índios catequizados e que o consumo do mate
persistia, os jesuítas usaram da fé indígena e criaram o mito de que
“Anhagapitã” – o demônio – teria envenenado os ervais e que quem tomasse
daquela erva morreria. Os índios temerosos do feitiço buscaram auxílio
nos Pajés, que desfizeram as intenções, dizendo que se o primeiro mate
fosse sugado e cuspido, o veneno seria anulado. Daí surge uma das
crendices que ainda hoje é mantida em muitas regiões do estado, a de
cuspir o “veneno do mate” como dizem os mais antigos, ou o primeiro
mate.
Foi só depois dessa tentativa fracassada de proibir o uso da erva-mate,
que os padres jesuítas perceberam o grande valor da planta e passaram a
pesquisá-la. Foram os primeiros a conseguir produzir mudas de erva-mate e
desenvolveram processos para sua produção junto às reduções, criando a
“Caá-mini”, espécie de pó grosso da erva-mate, que diferia da erva
utilizada até então. A partir daí, a erva-mate passa por um período de
ouro e chega inclusive a valer como moeda corrente.
Fonte: http://cantinhogaucho.blogspot.com.br/2010/12/os-misterios-ocultos-no-chimarrao.html
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