Boneca: é seguramente o mais antigo objeto de brinquedo que a
humanidade conheceu. Provavelmente na pré-história eram feitas de
materiais perecíveis como barro ou madeira, sendo que mais tarde, com o
aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho surgiram os de pedra e
osso. Por volta de 1820 eram fabricadas com cabeças de porcelana
vitrificada em Dresden e em biscuit opaco na França. No século XIX novas
modificações foram introduzidas: olhos móveis, dispositivos para choro e
vozes, livros com bonecas e roupas de papel para serem recortadas. No
Brasil colonial surgiram mais ou menos em 1806, com a transferência da
família real, mas ficaram restritas à corte. Somente no século XX
alcançaram os lares da classe média, mas quase sempre importadas. Depois
de 1945 começaram a ser fabricadas em série e a partir de 1950 são
copiados os modelos americanos, bonecas altas, loiras e de olhos azuis.
Bruxinha: Bruxa, ou bruxa de pano é o nome da boneca de
trapos, boneca de pano, possivelmente em todo o território nacional. As
bonecas de pano resistem ao longo dos séculos, atravessando fronteiras
de povos distintos, conseguindo sobreviver em algumas residências pelos
poucos artesãos que ainda restam neste espaço brasileiro. Pertencem ao
teatro infantil espontâneo das crianças do presente e pertencem às
crianças do futuro. Na confecção das bruxas a artesã usa pano, retalhos,
linha, algodão, lã em pasta para enchimento e em fio para cabelos, que
pode ser também de pelego ou corda.
Papagaio – Pandorga – Pipa: Sua origem oriental é
muito remota. Segundo historiadores idôneos, o general chinês Han-Sin no
ano 196 a.C a utilizava para enviar notícias a uma aldeia sitiada. Em
1752 foi instrumento de experiências científicas nas mãos de Benjamin
Franklin. Posteriormente teve os mais diversos usos, tais como
transmissor de sinais e “biruta”, para ver a direção do vento. Hélio
Moro Mariante, folclorista e pesquisador, informa que o ocidente só
conheceu a pandorga a partir do século XIV. Os primeiros mercadores
portugueses, ingleses e holandeses é que teriam trazido para a Europa. É
explicada por Câmara Cascudo como “brinquedo feito com cruzeta de cana
ou madeira leve, coberta de papel de cor. Dirigem-se com três cordéis de
armação. Na parte inferior pende uma cauda comprida, de pano. Existem
em diversos formatos, cada um com denominação específica: churrasco,
barrilete, arco, estrela, caixão, bidê, bandeja e outros.
Bolinhas de vidro – Gude – Inhaque: Surgem geralmente depois
das chuvas, quando os campinhos estão molhados e a meninada tem que
brincar perto de casa. Diversas modalidades de jogo são praticadas,
entre elas o Boco ou Imba, o Triângulo, a Circunferência, etc, que podem
ser “as vera” ou “as brinca”. “As vera” quando o jogador perde também
suas bolitas, e “as brinca”, quando perde só o jogo, neste caso feito
apenas por distração. Como na maioria das brincadeiras infantis, o jogo
de bolita possui uma linguagem própria, chamam de “bochão” a bola maior
que as outras, “aça”, as esferinhas de metal; “nicada” é a bolinha
lascada, e “Nica” a favorita para o jogo; “rabar” é errar, e “casar” é
colocar bolinhas em jogo.
Pião: Câmara Cascudo descreve como: “Pião,
brinquedo de madeira piriforme, com ponta de ferro, por onde gira pelo
impulso do cordão enrolado na outra extremidade puxado com violência e
destreza...”.É lançado com o cordão na Europa, , Asia Oriental e
Indonésia. Na América tem origem europeia, bem como a piorra, que é
jogada em “fieira”, apenas com o impulso dos dedos polegar e indicador. É
brincadeira que aparece em alguns meses do ano para logo após
desaparecer.
Bola: As bolas são popularíssimas e existiam em
todas as civilizações antigas. Feitas de couro, de madeira, de vegetais
ou de borracha, são atiradas a mão nua e aparadas quando de retorno,
perdendo quem as deixa cair. Jogam-na também contra o solo, repelindo-a,
quando ressalta. É universal e conhecida mesmo entre os agrupamentos
mais primitivos não só como objeto de lazer, mas com significação
religiosa, já que alguns destes povos acreditavam que ao chutar uma
bola, chutavam para longe os maus espíritos. O jogo era também executado
como forma de oferenda aos deuses em ocasiões de aflição, como no caso
de doenças no grupo familiar. Na campanha ainda é usada uma “bola” feita
de bexiga de porco inflada e entre crianças de famílias de pouco poder
aquisitivo a bola de meia supre a falta do objeto adquirido em casas
especializadas. É a forma de lazer mais comum entre os meninos de todas
as idades e condições sócio-econômicas.
Peteca: Segundo Alceu Maynard de Araújo, “é um
jogo de origem indígena. Uma bola fita de palha de milho, tendo em um
lado penas de galinha enfiadas para ao cair, a parte pesada ficar para
baixo e as penas para cima. A época desse jogo obedece em parte as
estações, é o jogo estacional da época do inverno, que por outro lado
coincide com a colheita do milho e festas juninas”.
Perna de pau: Também chamada de “andas” é
constituída por dois sarrafos com até três metros de comprimento. Em
cada sarrafo, a uma certa altura do chão, há um apoio para os pés. A
criança sobe nesse apoio e mantém as traves presas sob os braços,
podendo assim mover as pernas à vontade.
Cama de gato: Brincadeira infantil com um barbante
a que se atam as duas pontas e que forma uma espécie de rede em que
outra criança deve tirar passando para suas próprias mãos, formando rede
diferente da anterior. É brincadeira universal sendo conhecida desde os
tempos mais remotos em todos os continentes. Os povos mais primitivos
usavam uma tira de fibra vegetal ou de couro e com habilidade criavam
figuras representativas de seu dia-a-dia. Esta brincadeira é conhecida e
apreciada pelos descendentes dos índios Navajos do Arizona (Estados
Unidos), onde é conhecido como “Cat's Cradle”.
Bilboquê: Brinquedo torneado de madeira, de origem
francesa. Existem várias formas: de sino, de bola e de barrica. Dão
amarrados por um cordão a um bastonete pontudo na parte superior. O jogo
consiste em impulsionar o bilboquê para cima, através do bastonete,
virando-o com a base para baixo e ao cair, encaixá-lo na parte pontuda
da mesma.
Jogo das pedrinhas ou Cinco marias: Joga-se com
cinco ou mais pedrinhas. Atira-se uma pedrinha para o ar e enquanto esta
sobe e desce, apanham-se as outras, que estão repousando e se juntam
todas na mão atirando-se sucessivamente duas, três, quatro ao ar,
apanhando-se as que restam. Perde quem não conseguir reunir as
pedrinhas. As combinações são variadas. Em Portugal este jogo chama-se
Bato. É o secular jogo de ossinhos, osseletes, astragalismo,
popularíssimo na Grécia e em Roma... Os legionários romanos levaram o
jogo dos ossinhos por todos os recantos do império. Aqui o conhecemos
como cinco marias, e aparece em pedrinhas ou em saquinhos de tecido com
enchimento de areia ou grãos de qualquer cereal. O desenvolvimento do
jogo é muito semelhante ao descrito acima, mas aqui joga-se somente com
cinco pedrinhas, não mais.
Fonte: Brincadeiras Infantis, de Paula Simon Ribeiro e Rogério Fossari Sanchotene
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