A história do Churrasco e seus diferentes modos de assar
Na América do Sul, a primeira grande área de criação de gado foi o pampa. O boi era cortado da maneira que era possível com os instrumentos disponíveis na época e assado inteiro em um buraco aberto no chão. O tempero da carne era a própria cinza do braseiro.
A partir daí, as técnicas foram sendo aperfeiçoadas e diversos modos de preparo utilizados. Algumas das técnicas mais utilizadas hoje em dia são:
Espeto: Uma das formas mais populares, onde os espetos são colocados na churrasqueira e são virados manualmente pelo assador.
Grelha: Essa forma também é bastante popular! A grelha é colocada na churrasqueira, onde descansam as carnes.
Fogo de Chão: A carne é assada em espetos que são rodeados por fogueiras. É muito utilizada para assar costela, que normalmente fica de 6 a 12 horas assando.
Rolete: As carnes são colocadas para rodar em um rolete, que é movimentado através de uma manivela ou motor. Bastante utilizada para assar carnes de porco, como o pernil.
Chimarrão
O dia 24 de abril, que além se ser o dia em que comemoramos o Tradicionalismo Gaúcho, também é o dia de dois símbolos importantíssimos do Estado, o Churrasco e o Chimarrão. Sendo assim, hoje trago-lhes um resumo do livro Cevando Mate, de Glênio Fagundes.
A Erveira:
A erveira adulta possui a aparência de uma laranjeira.
Seu tronco, de casca lisa e esbranquiçada tem cerca de 30 cm de
espessura, possuindo folhas perenes (não caem no inverno). Sua estatura
varia de 6 a 8 metros de altura, o tronco é reto, com muitos ramos
alternados. Uma erveira nativa, com mais de 6 anos produz em média 100
Kg de matéria-prima por safra. Quando cultivada, apresentando mais ou
menos 3 metros de altura aos 4 anos, chega a fornecer 90 a 180 Kg. Na
América do Sul, existem em torno de 280 espécies, quase todas do gênero
Ilex. A nossa erva-mate é extraída da Ilex paraguariensis. Os estados
que produzem mate no Brasil são: Rio Grande do Sul, Paraná, Santa
Catarina, Mato Grosso do Sul e, em mínima escala, São Paulo. Esta planta
é nativa das matas sul-americanas: Brasil, Argentina, Paraguai e, em
menor escala, Peru, Equador, Colômbia e Uruguai.
Fazer a erva:
SAPECO – Após o corte dos ramos da erveira, estes
são passados rapidamente pelas labaredas de uma fogueira feita no local.
A finalidade desta operação é a de abrir os vasos da folha através de
uma intensa sudação, provocando uma desidratação mais rápida.
CARIJÓ –
Método primário, artesanal, de torrefação, usando o calor direto de uma
fogueira, até as folhas se tornarem crespas e quebradiças. Esta operação
dura aproximadamente 7 horas.
BARBAQUÁ – Preenche a mesma finalidade do
carijó, no caso do calor, é indireto. Esta operação varia de 14 a 16
horas para completar a torrefação. Este é o método empregado na
industrialização da erva-mate. CANCHEAMENTO – É a trituração de folhas e
caules na cancha. Esta operação, primitivamente, era feita sobre um
carnal de couro cru, onde os ramos vindos do carijo eram golpeados com
um facão de madeira. Seu acabamento era feito em pilões. Nas canchas
mais evoluídas, com rolo sobre um tablado de madeira, é usada a tração
animal. Após a trituração das folhas e caules, é feita a primeira
peneiragem (cancha furada); a erva é peneirada na cancha. Depois disto, a
erva-mate é ensacada ou enocada em depósitos arejados e secos.
Tipos de erva-mate:
PURA FOLHA ou TIPO ARGENTINA – feita só da
folha.
BARBAQUÁ ou TIPO MISSIONEIRA – maior aproveitamento da erveira
com todo o ramo, isto é, folha e caule.
Quanto à fortidão:
BRABA – seu sabor é forte. Custa mais a lavar.
De cor verde escura, com mais ou menos 30% de extrato aquoso.
MANSA –
seu sabor é suave. Lava mais rapidamente. De cor amarelada, com baixa
porcentagem de estrato aquoso.
CAABERÁ e CAÚNA – os guaranis assim
chamavam a erva-mate de má qualidade. Quando alguém se refere à má
qualidade da erva-mate, costuma dizer: “que caúna braba!”.
Na intimidade do mate:
O ato de preparar o mate pode ser chamado
de: Cevar o mate, Fechar o mate, Fazer o mate, Enfrenar o mate. Convite
para tomar mate: Vamos matear? Vamos gervear? Vamos chimarrear? Vamos
verdear? Vamos amarguear? Vamos apertar um mate? Que tal um mate? O mate
pode ser tomado de três maneiras, em relação à companhia: o mate solito
(isoladamente), o mate de parceria (uma companheira ou companheiro) e,
finalmente, em roda de mate (grupo). Para se receber ou entregar a cuia
de mate, deverá ser feito com a mão direita. No caso da mão direita
estar ocupada, a pessoa deverá dizer: - Desculpe a mão. Mas é a mesma do
coração. Assim sendo, a roda sempre “andará” para o lado direito
também. Nos mates de parceiro ou em rodas de mate, só se agradece quando
não se quer mais matear, quando está satisfeito.
MATE DO ESTRIBO – é o
mate que se toma antes de ir embora. Normalmente o cevador costuma dizer
para a pessoa que está por sair: “Tome outro para o estribo”.
O ÚLTIMO
MATE – quando alguém diz “Tome um último mate!”, o gaúcho responde: “O
último nunca se toma!”. Porque este, só o destino pode nos oferecer.
MATE DO JOÃO CARDOSO – é o mate que nunca chega, fica só na promessa.
Segundo contam, era um sujeito que gostava muito de prosear e com
promessa de que já vinha o mate, ia fazendo com que as pessoas ficassem
presas a sua curiosidade. João Simões Lopes Neto, em sua obra Contos
Gauchescos, desenvolve o tema, que tem por título O Mate do João
Cardoso.
Fechar ou cevar o mate:
Colocar uma cevadura de erva-mate na cuia
equivalente a 2/3 de sua capacidade. Acomodar a erva sobre um lado da
cuia, colocando, para tanto, uma das mãos sobre a boca do porongo; fazer
com que a cevadura encoste sobre um lado desejado, deixando um espaço
vazio que venha desde o fundo. Ajeitar com calma para que assim
permaneça. Colocar água morna ou fria , nunca chiando, pois queimaria a
erva, dando-lhe um gosto amargo. O topete não deve ser molhado. Deixar
por instantes a cuia recostada até inchar a erva. Tapando o bocal da
bomba com o dedo polegar, introduzi-lo bem no fundo, sobre um costado da
erva. Este primeiro mate é chamado de mate do zonzo, veneno do mate ou
mate cuspido. Em geral, o mateador sorve esta primeira infusão cuspindo
fora, até roncar a cuia.
VIRAR O MATE: consiste em trocar o lado que a
erva está colocada na cuia cuidando para não desmanchar o topete, e
assim ter um novo mate sem ser necessário trocar a erva.
ENCILHAR O
MATE: é quando o mate está lavado, e na falta de mais cevadura, se
aproveita a erva ainda seca do topete. Tira-se a parte mais esgotada, ao
fundo, e derruba-se parte do topete com erva nova.
Bomba do mate:
A bomba do mate é formada por um canudo metálico,
de 20 a 25 cm de comprimento e 5 a 8 milímetros de diâmetro. Os
materiais mais encontrados na confecção de bombas são o latão, a alpaca e
a prata. O ouro entra apenas nos detalhes, ponteira e resfriador.
Partes da bomba: Haste, Ponteira e Coador. Nomenclatura da bomba – Bico:
biqueira, bocal, chupeta, boquilha, ponteira. Anel: resfriador,
pitanga, botão de rosa, passador. Haste: corpo da bomba, canudo. Coador:
ralo, patilha, colher, bojo, coco, apartador. TACUAPI, A BOMBA
PRIMITIVA: primitivamente, os índios da nação guarani, que foram os
iniciadores do uso da erva-mate, criaram a bomba de taquara, por eles
chamada tacuapi: vocábulo guarani, tacuá (cana oca), api (alisada).
O porongueiro:
Pertence à família das cucurbitáceas (Lagenaria
vulgaris). Lagenaria, origem latina (lagena: recipiente, copo). É uma
trepadeira com folhas largas, espalmadas, simples, palminervas e
enredadeiras. Planta de clima tropical, seu plantio é no início de
setembro, encontrando-se várias espécies na América do Sul. Seu fruto é o
porongo, que depois de maduro se torna lenhoso e oco, com sementes
soltas em seu interior. Em guarani a cuia é chamada de caiguá: caa
(erva), í (água) e guá (recipiente). Literalmente, recipiente para a
água da erva-mate.
Porta-cuia:
TRIPÉ – é um apoio formado por três hastes presas
entre si por uma cinta, que possibilita à cuia descanso sobre uma
circunferência amparada pelas hastes.
TAQUAREMBÓ ou taquaçuru –
corta-se, entre dois nós de taquara um trecho de quatro ou cinco dedos,
que fica como um bracelete, e está pronto o porta-cuia.
DE COURO –
corta-se uma tira de sola de quatro dedos, costura-se um tento de
tamanho que a circunferência formada seja um pouco menor que a parte
mais cheia da cuia.
CANECA – a caneca é um porta-cuia improvisado que
também pode desempenhar esta função. CASAMENTO PERFEITO – recostar o
porongo entre o bico e o corpo da chaleira. Esta cena é comum na imagem
efetiva dos fogões.
ACOMODADA NA CAMBONA – esta é outra forma comum de
se encontrar o porongo, apoiado dentro da ambonam no fogo de chão ou nas
cozinhas campeiras.
Recipiente para a água:
CALDEIRA – suas características são
semelhantes ao jarro, porém, mais bojuda, não possui tampa nem bico
tobular. Sua principal função era a de aquecer grande quantidade de
água, para diversas finalidades. CHALEIRA GRANDE – seu uso é semelhante
ao da caldeira, pois se torna incômodo seu manejo, devido ao tamanho.
CHALEIRA MÉDIA – também chamada de pava, do tupi-guarani: peua, peva
(chato, achatado). É a mais usada, por seu tamanho.
CHALEIRA PRETA DE
FERRO – é o tipo mais comum. Com o uso, chega a criar um casca de
picumã. Não deve ser removida esta crosta, pois furaria com facilidade.
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