segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Aquífero Guarani

Aquífero Guarani é a principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e um dos maiores sistemas aquïferos do mundo, ocupando uma área total de 1,2 milhões de km² na Bacia do Paraná e parte da Bacia do Chaco-Paraná. Estende-se pelo Brasil (840.000 Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina, (255.000 Km²), área equivalente aos territórios de Inglaterra, França e Espanha juntas.Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total) abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O Aqüífero Guarani, denominação do geólogo uruguaio Danilo Anton em memória do povo indígena da região, tem uma área de recarga de 150.000 Km² e é constituído pelos sedimentos arenosos da Formação Pirambóia na Base (Formação Buena Vista na Argentina e Uruguai) e arenitos Botucatu no topo (Missiones no Paraguai,Tacuarembó no Uruguai e na Argentina).

 
O Aquífero Guarani constitui-se em uma importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer. Sua recarga natural anual (principalmente pelas chuvas) é de 160 Km³/ano, sendo que desta, 40 Km³/ano constitui o potencial explotável sem riscos para o sistema aqüífero. As águas em geral são de boa qualidade para o abastecimento público e outros usos, sendo que em sua porção confinada, os poços tem cerca de 1.500 m de profundidade e podem produzir vazões superiores a 700 m³/h.
No Estado de São Paulo, o Guarani é explorado por mais de 1000 poços e ocorre numa faixa no sentido sudoeste-nordeste. Sua área de recarga ocupa cerca de 17.000 Km² onde se encontram a maior parte dos poços. Esta área é a mais vulnerável e deve ser objeto de programas de planejamento e gestão ambiental permanentes para se evitar a contaminação da água subterrânea e sobrexplotação do aqüífero com o consequente rebaixamento do lençol freático e o impacto nos corpos d'água superficiais.
Por ser um aquífero de extensão continental com característica confinada, muitas vezes jorrante, sua dinâmica ainda é pouco conhecida, necessitando maiores estudos para seu entendimento, de forma a possibilitar uma utilização mais racional e o estabelecimento de estratégias de preservação mais eficientes.
Até hoje, muitos poços (figura ao lado) foram perfurados para a exploração da água subterrânea, sem a devida preocupação com sua proteção, sendo cada caso ou problema tratado isoladamente. Diante da demanda por água doce, faz-se necessário o entendimento amplo deste sistema hídrico de forma a gerenciar e proteger este recurso.
Para tanto, é necessário organizar os dados e sistemas existentes, de forma que seja possível integrar a utilização dos bancos de dados dos diversos países abrangidos pelo Aquífero Guarani e modelar a hidrodinâmica do sistema, permitindo identificar as áreas mais frágeis que deverão ser protegidas.

 





domingo, 11 de novembro de 2012

Zumbi líder do quilombo dos Palmares


Zumbi foi o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência antiescravagista. Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo. Criado e educado por este padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com quinze anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. "Zumbi" significa: a força do espírito presente. Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.
O nome Palmares foi dado pelos portugueses, em razão do grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje, estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.
O Quilombo dos Palmares existiu por um período de quase cem anos, entre 1600 e 1695. No Quilombo de Palmares (o maior em extensão), viviam cerca de vinte mil habitantes. Nos engenhos e senzalas, Palmares era parecido com a Terra Prometida, e Zumbi, era tido como eterno e imortal, e era reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um extraordinário e talentoso dirigente militar. Explorava com inteligência as peculiaridades da região. No Quilombo de Palmares plantavam-se frutas, milho, mandioca, feijão, cana, legumes, batatas. Em meados do século XVII, calculavam-se cerca de onze povoados. A capital era Macaco, na Serra da Barriga.

 
A Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista, vulto de triste lembrança da história do Brasil, foi atribuído a tarefa de destruir Palmares. Para o domínio colonial, aniquilar Palmares era mais que um imperativo atribuído, era uma questão de honra. Em 1694, com uma legião de 9.000 homens, armados com canhões, Domingos Jorge Velho começou a empreitada que levaria à derrota de Macaco, principal povoado de Palmares. Segundo Paiva de Oliveira, Zumbi foi localizado no dia 20 de novembro de 1695, vítima da traição de Antônio Soares. “O corpo perfurado por balas e punhaladas foi levado a Porto Calvo. A sua cabeça foi decepada e remetida para Recife onde, foi coberta por sal fino e espetada em um poste até ser consumida pelo tempo”.
O Quilombo dos Palmares foi defendido no século XVII durante anos por Zumbi contra as expedições militares que pretendiam trazer os negros fugidos novamente para a escravidão. O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, propiciarão o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

 

História do Dia Nacional da Consciência Negra


Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também um forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.

 
Importância da Data

 
A criação desta data foi importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É um dia que devemos comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, valorizando a cultura afro-brasileira. 
A abolição da escravatura, de forma oficial, só veio em 1888. Porém, os negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão. 
Vale dizer também que sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre considerados hérois nacionais. Agora temos a valorização de um líder negro em nossa história e, esperamos, que em breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por nossa história. Passos importantes estão sendo tomados neste sentido, pois nas escolas brasileiras já é obrigatória a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Santana do Livramento (29/06/1857) Uma festa para a criação da alfândega


     A criação da alfândega de Santana do Livramento foi saudada com fogos de artifício em 10 de outubro de 1900. Menos de quatro meses antes, a cidade não sabia se o seu comércio sobreviveria mais alguns dias. Foi preciso uma campanha pública que envolveu os grandes comerciantes e as autoridades do município para que um ato do governo fosse revisto em favor dos negócios locais. O recebimento de artigos europeus com preços vantajosos em Livramento sempre foi garantido pela proximidade do porto de Montevidéu. "As mercadorias faziam concorrência com as praças comerciais do litoral do Rio Grande", diz o historiador lvo Caggiani, 64 anos. Mais do que simples competidores, os empresários da fronteira eram taxados de contrabandistas pelos varejistas de Porto Alegre, Pelotas e outros centros importantes.

     A grita logo chegou aos ouvidos do ministro da Fazenda. Pressionado, ele resolveu limitar as zonas para a expedição de guias por parte das estações fiscais de fronteira. O choque paralisou a cidade e ressuscitou o contrabando de Rivera - a cidade uruguaia da fronteira - que havia sido quase dizimado desde a fundação da alfândega de Uruguaiana. Num passado não muito distante, Rivera colocava anualmente na província brasileira 3 mil contos de réis em mercadorias ilegais (cerca de 30 vezes o valor de uma boa casa).
"Sempre foi fácil importar pelo porto de Montevidéu e trazer os produtos por trem até Rivera", diz Caggiani. 
     
     As denúncias de contrabando e o fechamento das zonas de expedição das guias fiscais, que já durava 10 anos, calaram fundo nos brios dos comerciantes fronteiriços. Além de aumentar em pelo menos 20% o preço final das mercadorias (valor do frete), onerando empresários e consumidores, o Estado havia recriado com força a figura do contrabandista.
Para dar um fim às acusações e retomar os negócios, em 1898 o jornalista Albino Costa desencadeou um movimento que exigia do império o alfandegamento da Mesa de Rendas Federais.
No dia 6 de agosto do ano seguinte, o jornalista radicado no Rio de Janeiro mandava novidades por telegrama: "AIfandegamento concedido. Realizamos aspirações comércio. Parabéns. Albino Costa". Recebida com foguetes e bombas, a boa notícia chegava quase três anos depois de uma outra que acabou se concretizando apenas em 1900.

     No dia 14 de novembro de 1896, através do decreto 417, o governo havia criado a Alfândega de Livramento. Graças ao lobby de Porto Alegre e outra praças, o projeto não saiu do papel. Com o alfandegamento, a idéia voltou à tona. Dois meses mais tarde, os fogos voltaram a estourar na vizinha brasileira de Rivera.

Portugueses e espanhóis brigam por Sacramento

Assim como muitos municípios da fronteira sul, Santana do Livramento sofreu a expectativa de estar na mão de portugueses ou espanhóis de acordo com o soprar do vento. A Colônia do Santíssimo Sacramento, fundada em 22 de janeiro de 1680, foi o primeiro sinal de vida portuguesa no extremo sul do território em que a Coroa deitou posse. Foi também, durante quase um século, palco da disputa entre as duas nações européias. Sediada às margens do Rio da Prata, a povoação abrangia uma área imensa de terras (que atualmente englobaria o Uruguai e um pedaço do Rio Grande do Sul) incluindo ao norte a região de Livramento. Com a assinatura do Tratado de Madrid em 1750, a Colônia passou para a mão dos espanhóis ao ser trocada pelos Sete Povos das Missões.

A resistência dos guaranis fez com que as duas nações assinassem um novo acordo. O Tratado de El Pardo (l761) anulou o documento de Madrid e tudo voltou como estava antes de 1750. O vaivém se estendeu até o início do século 19, quando a distribuição de sesmarias e a passagem do Exército Pacificador (I 811/12) garantiu a definição da fronteira do Estado. A cidade de Colônia do Sacramento fica hoje a 177 quilômetros de Montevidéu. A antiga cidadela dos portugueses ocupava uma península a 48 quilômetros de Buenos Aires, na margem esquerda do Rio da Prata. 

Depois de ser restaurada pelo governo, recuperando o aspecto que possuía no século 18, no ano passado Colônia do Sacramento foi tombada pela Unesco como patrimônio histórico da humanidade. O historiador Barbosa Lessa relembra que, na época da chegada dos português para criar Sacramento, a região da chamada Banda dos Charruas (hoje República do Uruguai), era habitada apenas por avestruzes e por nômades índios charruas e minuanos.

Fonte: Material recolhido do fascículo especial do jornal Zero Hora, do dia 04/12/96, chamado "Origens do Rio Grande". Editado por Roberto Cohen em 20/11/2003.

Cronologia de Antônio Augusto Fagundes

Curso de Tradicionalismo Gaúcho     Martins Livreiro Editor, 1995 

 
1501   Caravelas portuguesas, primeiro e logo depois as espanholas começam a aparecer nas costas gaúchas, mas sem desembarque, porque as praias eram perigosas e não havia portos naturais.
1531   Os navegantes portugueses Martim Afonso de Souza e Pero Lopes, sem desembarcar nas praias gaúchas, batizam com o nome de Rio Gande de São Pedro a barra que vai permitir mais tarde a passagem de navios do Oceano Atlântico para a Lagoa dos Patos.
1626   O padre jesuíta Roque Gonzalez de Santa Cruz, nascido no Paraguai, atravessa o rio Uruguai e funda o povo de São Nicolau, assinalando oficialmente a chegada o homem branco ao território gaúcho.
1634   O padre jesuíta Cristobal de Mendonza Orellana (Cristóvão de Mendonza) introduzo gado nas Missões Orientais, o que vai justificar mais tarde o surgimento do gaúcho.
1641   Os jesuítas são expulsos do Rio Grande do Sul pelos bandeirantes, depois de fundarem 18 reduções ou povos. Essas aldeias foram todas arrasadas e o gado, um pouco foi escondido ba Vacara dos Pinhais, outro pouco levaram para a Argentina na sua fuga e a maior parte se esparramou, virando "chimarrão", que quer dizer selvagem. Graças ao padre Cristóvão Mendonza, esse gado, que não tinha marca nem sinal, ficou também chamado "orelhano".
1682   Os bandeirantes estão ocupados com o ouro e as pedras preciosas das Gerais, esquecendo os nossos índios. Voltam então os jesuítas espanhóis ao solo gaúcho, fundando primeiro São Francisco de Borja, hoje a cidade de São Borja, o mais antigo núcleo urbano do Rio Grande do Sul. Entre 1682 a 1701 eles fundaram 8 povos em território gaúcho, dos quais 7 prosperaram que se tornaram os 7 povos das Missões: São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Lourença Martin, São João Batista e Santo ângelo Custódio.
1750   Assinado o Tratado de Madri entre Espanha e Portugal, pelo qual os portugueses dão aos espanhóis a Colônia de Sacramento e recebem em troca os 7 Povos das Missões. Os padres jesuítas espanhóis não se conformam com a troca e os índios missioneiros se revoltam. Vai começar a chamada Guerra das Missões.
1756   A 7 de fevereiro morre em uma escaramuça o índio José Tiarayu, o Sepé, junto a Sanga da Bica (hoje dentro do perímetro urbano de São Gabriel) morto pelas forças espanholas e portuguesas. Três dias mais tarde ocorre o massacre de Caiboaté (ainda no município de São Gabriel) onde, em uma hora e 10 minutos os exércitos de Espanha e Portugal mataram quase 1.500 índios e tiveram apenas 4 baixas. Em Caiboaté foi vencida a resistência missioneira definitivamente. Ao abandonarem as Missões, os jesuítas carregaram o que puderam e incendiaram lavouras, casas e até igrejas.
1763   Tropas espanholas invadem o Brasil, apoderando-se do Forte de Santa Tereza e da cidade de Rio Grande e de São José do Norte. No período de dominação espanhola começa a brilhar um herói autenticamente gaúcho: Rafael Pinto Bandeira.
1776   Os espanhóis são expulsos do Rio Grande. Mas o forte de Santa Tereza jamais foi recuperado. Hoje está em território uruguaio.
1780   Vindo do Ceará, o português José Pinto Martins funda em Pelotas a primeira charqueada com características empresariais. Logo as charqueadas vão ser decisivas na economia gaúcha. O negro entra maciçamente no RGS, como escravo das charqueadas.
1811   Pedro José Vieira, vulgo "Perico, el Bailarín", que era gaúcho de Viamão, acompanhado pelo uruguaio Venâncio Benavidez dá o Grito de Asencio, que é o primeiro grito da independência do Uruguai. Surge o grande herói uruguaio "José Artigas".
1815   Tropas brasileiras e portuguesas tomam Montevidéu anexando o Uruguai ao Brasil com o nome de Província Cisplatina.
1824    A 18 de julho desembarcam em Porto Alegre os primeiros 39 colonos alemães. A 25 de julho eles se instalam nas margens do rio dos Sinos, na Real Feitoria do Linho Cânhamo, hoje a cidade de São Leopoldo.
1835    Explode a Revolução Farroupilha. A 20 de setmbro, os revolucionários comandados por Bento Gonçalves tomam Porto Alegre, capital da Província. As causas são políticas, econômicas, sociais e militares. A Província de São Pedro do Rio Grande do Sul estava arrasada pelas guerras e praticamente abandonada pelo Império do Brasil, meio desgovernado depois da volta de Dom Pedro I a Portugal.
1836    A 11 de setembro o coronel farroupilha Antonio de Souza Neto, depois de estrondosa vitória sobre as forças imperiais brasileiras no Seival, proclama a República Rio-Grandense. Nesse mesmo ano Bento Gonçalves da Silva é aprisionado após a batalha da ilha do Fanfa e enviado com muitos oficiais farrapOS ao Rio de Janeiro e depois para o Forte do Mar, na Bahia. O governo da nova República se instala em Piratini e Bento Gonçalves da Silva é eleito presidente. Como está preso, assume em seu lugar José Gomes de Vasconcelos Jardim. Piratini é a Capital.
1837   Organiza-se o governo republicano. São nomeados Generais Antonio de Souza Neto, João Manoel de Lima e Silva, Bento Gonçalves da Silva e mais tarde David Canabarro, Bento Manoel Ribeiro e João Antonio da Silveira. Enquanto drou, a República Rio-grandense só teve estes seis Generais. Nesse mesmo ano, a maçonaria consegue dar fuga a Bento Gonçalves, que de volta ao Rio Grande assume a Presidência da República.
1939   A República parece consolidada, a marinha de guerra está sob o comando efetivo de José Garibaldi, corsário italiano trazido ao Rio Grande pelo Conde Livio Zambeccari, através da maçonaria. Os farrapos decidem levar a república ao Brasil. Um exército comandado por David Canabarro e apoiado pela Marinha de Garibaldi proclama em Santa Catarina e República Juliana. A capital da República Rio-grandense passa a ser Caçapava.
1841   A Capital da República Rio-Grandense passa a ser Alegrete, onde se instala a Assembléia Nacional constituinte.
1842   Bento Gonçalves da Silva, no começo deste ano, se bate em duelo com Onofre Pires, que morre em conseqüência dos ferimentos. Após o duelo Bento Gonçalves da Silva entrega o governo e o comando do exército republicano.
1845   A 28 de fevereiro os farrapos assinam a paz com o Império do Brasil no acampamento do Ponche Verde, em Dom Pedrito. O Rio Grande do Sul volta a fazer parte do Brasil.
1847   Morre Bento Gonçalves da Silva, em Pedras Brancas, hoje Guaíba. O grande herói gaúcho estava pobre e doente quando terminou a Guerra dos Farrapos.
1851   Antigos farrapos, ao lado de seus ex-inimigos, agora todos fazendo parte do exército imperial brasileiro, derrotam o ditador Rosas da Argentina.
1852   Nesse anos aparece a primeira pesquisa sobre o folclore gaúcho, uma coleção de vocábulos e frases organizados por Antonio Alvares Ferreira Coruja.
1857   Intelectuais gaúchos imigrados na Corte, fundam no Rio de Janeiro a primeira entidade tradicionalista gauchesca, a Sociedade Sul-rio-grandense, que existe até hoje.
1864   Os gaúchos tomam parte na invasão do Uruguai e na derrota de Oribe.
1865   Em conseqüência da guerra no Uruguai, o ditador paraguaio Francisco Solano Lopes, declarando guerra ao Brasil, invade o Rio Grande do Sul, em São Borja. Começa a chamada Guerra do Paraguai. Nesse mesmo ano o Brasil faz aliança com o novo governo uruguaio e com a Argentina e os paraguaios invasores são cercados em Uruguaiana, onde se rendem às tropas da Tríplice Aliança.
1868   Funda-se em Porto Alegre a Sociedade Partenon Literário, decisiva para o regionalismo gauchesco. Entre seus grandes nomes Caldre FIão, Apolinário Porto Alegre, Taveira Junior e Múcio Teixeira.
1868   Começa o movimento messiânico dos Muckers, em Sapiranga, liderado por Jacobina Maurer.
1870   Termina a Guerra do Paraguai com a morte de Francisco Solano Lopes. Mais de 1/3 das tropas brasileiras é constituído por gaúchos, inclusive velhor heróis de 35, como David Canabarro e Antonio de Souza Neto.
1874   Os Muckers, depois de três ataques do exército brasileiro e da Guarda Nacional, são finalmente afogados em um banho de sangue, vencida a sua resistêcia.
1875   Começa a imigração italiana no Rio Grande do Sul. COmo os imigrantes alemães jã tinham ocupado os férteis vales fluviais, os italianos passam a ocupar as encostas da Serra.
1880   Começa no Rio Grande do Sul a propaganda republicana brasileira, aproveitando os antigos símbolos do republicanismo farrapo.
1888   A abolição da escravatura é proclamada no Brasil quando já no Rio Grande do Sul não existiam mais escravos. O negro veio para o pampa em 1726, com a frota de João de Magalhães. O escravo foi mão-de-obra indispensável nas charqueadas. Como voluntário e liberto lutou com grande bravura na Revolução Farroupilha. Como escravo e bucha de canhão lutou galhardamente na Guerra do Paraguai. Um ds maiores heróis da marinha brasileira foi um fuzileiro negro, gaúcho de Rio Grande, chamado Marcílio Dias.
1889   É proclamada a República no Brasil. No Rio Grande do Sul o homem do momento é Júlio de Castilhos. O Partido Republicano Rio-grandense, que não esperava a proclamação tão cedo, não estava preparado para assumir o poder. O Rio Grande do Sul, com a República, deixa de ser Província e passa a ser Estado.
1893   Começa a Revolução Federalista contra o Governo Republicano chefiado por Júlio de Castilhos. Do lado dos revolucionários tomaram parte na Revolução de 93 muitos uruguaios, alguns dos quais do Departamento de San José, os chamados "Maragatos".  Aos poucos este termo foi sendo usado para designar todos os revolcionários que usavam como símbolo o lenço vermelho ao pescoço. Os guerrilheiros que lutaram a favor do governo usavam o lenço branco (mais raramente o verde) e usavam às vezes uma farda azul com gorro da mesma cor encimado por uma borla vermelha. Por isso, foram chamados de Pica-paus.
1894   Funda-se em Montevidéu, no circo dos irmãos Podestá, a Sociedade La Criolla, entidade tradicionalista que existe até hoje.
1895   Assinada a paz entre Pica-paus e Maragatos e termina a chamada Revolução de 93, que foi sangrenta e brutal, com muitas degolas.
1897   É finalmente vencida a resistência de Canudos, na Bahia, onde Antonio Conselheiro, com seus jagunços, estava enfrentando com êxito o exército brasileiro. A vitória só é alcançada com uma carga de lança dos cavalarianos gaúchos do Coronel Carlos Teles, de Bagé.
1898   Funda-se em Porto Alegre, a 22 de maio, o Grêmio Gaúcho, cujo grande líder é o Major João Cezimbra Jacques, que buscou a inspiração na Sociedade "La Criolla" de Montevidéu. O Grêmio foi a primeira entidade tradicionalista no Rio Grande do Sul. Existe até hoje, embora tenha perdido o seu caráter tradicionalista. Graças a seu pioneirismo, o Major João Cezimbra Jacques é hoje o Patrono do Tradicionalismo do Rio Grande do Sul.
1899   A 10 de setembro é fundada em Pelotas e União Gaúcha. Seu grande líder é o genial escritor Simões Lopes Neto. Depois de muitos anos a União paralizou as suas atividades e ressurgiu com atual surto tradicionalista adotando o nome União Gaúcha J. Simões Lopes.
1901   A 19 de outubro funda-se em Santa Maria o Grêmio Gaúcho, inspirado na entidade de mesmo nome fundada em Porto Alegre pelo santamariense Cezimbra Jacques.
1902   O movimento messiânico conhecido como "Os Monges do Pinheirinho", em Encantado é massacrado pela Brigada Militar.
1917   Funda-se o primeiro frigorífico no Rio Grande do Sul, aproveitando a oportunidade econômica aberta pela I Guerra Mundial Os frigoríficos, a rigor, vieram substituir as antigas charqueadas.
1923   No começo do ano a Aliança Liberal, chefiada por Assis Brasil, deflagra uma revolução contra o Governo Republicano de Borges de Medeiros. Novamente lutam nas coxilhas gaúchas maragatos e governistas, mas estes, agora, são chamads "chimangos". A paz só é alcançada no fim do ano no Castelo de Assis Brasil, em Pedras Altas, Pelotas.
1924   Jovens tenentes liderados pelo Capitão Luiz Carlos Prestes levantam mas Missões militares e civis contra o governo brasileiro, de Artur Bernardes. Vai começar a odisséia da Coluna Prestes. Poucos anos depois a Brigada Militar viajará até de navio para o nordeste brasileiro a fim de ajudar na caçada da "Coluna Prestes".
1926   A Coluna Prestes continua sua marca invicta pelos sertões brasileiros. Em Santa Maria, no RGS, os rimãos Etchegoyen levantam militares e civis em armas contra o governo. Apesar de vitórias iniciais o movimento se dissolve sem maiores conseqüências.
1928   Registram-se movimentos armados em Bom Jesus.
1930   Chimangos e maragatos marcham lado a lado na revolução que derruba o presidente brasileiro Washington Luiz e coloca no poder Getúlio Vargas. Os gaúchos amarram os cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, Capital da República.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Medicina campeira


Para curar machucadura
Nas lidas do campo é muito comum o gaúcho levar uma rodada. Quando isto acontece e há machucadura por dentro (interna), fazem-no beber, em seguida, um bom caneco de salmoura. Quando a machucadura é externa, friccionam o local com azeite de mocotó e sal misturado, enrolando-o com um pano.
Para curar quebradura (fratura)
Quando se trata de um braço ou de uma perna, encanam com talas de taquara. Antes de se colocar as talas, forram o membro ofendido com uma camada de toucinho. As talas vão por cima, e ao redor, sendo após amarradas firmemente. De quinze em quinze dias mudam as camadas de toucinho, até a soldadura completa da fratura.
Para estancar sangue
De um talho: pó de café em cima, o qual deve ser amarrado com uma tira de pano. Tratando-se de corte num dedo, basta amarrá-lo com uma palha de milho diretamente sobre o corte.
Para curar talho arruinado
Aplicar compressas quentes com água de creolina; evita a gangrena.
Para curar queimadura
Sendo de primeiro grau, urinar em cima da queimadura. Há também quem aplique, no local, bosta verde de gado vacum.
Para curar tosse comprida (coqueluche)
No ano de 1915, no município de São Francisco de Assis, um curandeiro utilizava o seguinte processo: Aparava bosta quente de vaca numa vasilha; despejava em cima água fervendo e, depois, ia coando num pano quantas vezes fossem necessárias para que a "chapoeirada" ficasse com coloração bem esbranquiçada. Neste ponto ia ministrando ao doente — seis colheres espaçadas durante o dia.
Para curar espasmo
O espasmo, contração involuntária e convulsiva dos músculos, pode ser proveniente da pessoa pegar correntes de ar ou se molhar com o corpo suado. Algumas vezes fica com os músculos faciais retorcidos e as pernas encolhidas. Para curá-la costumam ministrar um chá quente de abrofo (abrojo, em espanhol) espécie de planta muito abundante no "cercado" das casas de campo.
Para curar solitária
Tomar semente de abóbora esmagada ou torrada. Também retiram a amêndia e dão de comer às crianças.
Para curar azia
Três grãos de milho queimados no borralho; mastigá-los e engolir.
Para curar soluço
Tomar um copo de leite, de vaca preta, recém tirado.
Para curar câimbra de sangue
Tomar chá de romã
(...)
(Paz, Horácio. "Cousas do folclore sul-riograndense". Boletim da Comissão Catarinense de Folclore. Florianópolis, ano 6, nº 20-21, setembro-dezembro de 1954)

http://jangadabrasil.com.br/revista/setembro70/pn70009b.asp

Meteorologia popular


1. Nascer do sol muito vermelho é sinal de seca. Pôr-do-sol sobre uma barra escura de nuvens, sinal de chuva.
2. Céu muito estrelado e brilhante, prenuncia chuva; pouco estrelado, tempo bom, firme.
3. Lua nova quando está com os cornos voltados para cima, é sinal de tempo seco durante todo o mês, pois acredita-se que o quarto de lua governa as variações do tempo durante todo o mês. Quando aparece com os cornos voltados para baixo "está escorrida", logo, todo o mês será chuvoso.
4. Chovendo na "nova" de abril, o inverno será chuvoso; não chovendo, inverno seco. Chovendo na nova de setembro, o verão será chuvoso e bom para a agricultura e pecuária.
5. Lua cheia quando sai, some a chuva. Significa melhora de tempo.
6. Se o dia 15 de cada mês for bom, a primeira quinzena será toda sem chuva. Se o dia 17 também for sem chuva, toda a segunda quinzena será de tempo bom.
7. Quando chove na primeira terça-feira domês, todo o resto do mês será chuvoso; e o contrário, se o dia for bom.
8. Quando as rãs, à tarde, fazem "reco-reco" (coaxam), é sinal de chuva próxima.
9. Siriema (ave pernalta que vive nos campos) quando canta no baixo ou na canhada, prenuncia chuva; quando no alto da coxilha, estiagem prolongada.
10. Maduruvá preto, do campo, quando cruza a coxilha, em pelotão, está pressagiando chuva com temporal.
11. Dia de vento, em que o gado se agrupa e desce para o fundo da invernada, é sinal de temporal. Gado dormindo no alto da coxilha, sinal de tempo bom.

(Paz, Horácio. "Cousas do folclore sul-riograndense". Boletim da Comissão Catarinense de Folclore. Florianópolis, ano 6, nº 20-21, setembro-dezembro de 1954, p.72-73)