Aquífero Guarani é a principal reserva
subterrânea de água doce da América do Sul e um dos maiores sistemas aquïferos
do mundo, ocupando uma área total de 1,2 milhões de km² na Bacia do Paraná e
parte da Bacia do Chaco-Paraná. Estende-se pelo Brasil (840.000 Km²), Paraguai
(58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina, (255.000 Km²), área equivalente
aos territórios de Inglaterra, França e Espanha juntas.Sua maior ocorrência se
dá em território brasileiro (2/3 da área total) abrangendo os Estados de Goiás,
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O Aqüífero Guarani, denominação do geólogo
uruguaio Danilo Anton em memória do povo indígena da região, tem uma área de
recarga de 150.000 Km² e é constituído pelos sedimentos arenosos da Formação
Pirambóia na Base (Formação Buena Vista na Argentina e Uruguai) e arenitos
Botucatu no topo (Missiones no Paraguai,Tacuarembó no Uruguai e na Argentina).
O Aquífero Guarani constitui-se em uma
importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para o
desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer. Sua recarga natural anual
(principalmente pelas chuvas) é de 160 Km³/ano, sendo que desta, 40 Km³/ano
constitui o potencial explotável sem riscos para o sistema aqüífero. As águas
em geral são de boa qualidade para o abastecimento público e outros usos, sendo
que em sua porção confinada, os poços tem cerca de 1.500 m de profundidade e
podem produzir vazões superiores a 700 m³/h.
No Estado de São Paulo, o Guarani é explorado
por mais de 1000 poços e ocorre numa faixa no sentido sudoeste-nordeste. Sua área
de recarga ocupa cerca de 17.000 Km² onde se encontram a maior parte dos poços.
Esta área é a mais vulnerável e deve ser objeto de programas de planejamento e
gestão ambiental permanentes para se evitar a contaminação da água subterrânea
e sobrexplotação do aqüífero com o consequente rebaixamento do lençol freático
e o impacto nos corpos d'água superficiais.
Por ser um aquífero de extensão continental com
característica confinada, muitas vezes jorrante, sua dinâmica ainda é pouco
conhecida, necessitando maiores estudos para seu entendimento, de forma a
possibilitar uma utilização mais racional e o estabelecimento de estratégias de
preservação mais eficientes.
Até hoje, muitos poços (figura ao lado) foram perfurados para a exploração da
água subterrânea, sem a devida preocupação com sua proteção, sendo cada caso ou
problema tratado isoladamente. Diante da demanda por água doce, faz-se
necessário o entendimento amplo deste sistema hídrico de forma a gerenciar e
proteger este recurso.
Para tanto, é necessário organizar os dados e
sistemas existentes, de forma que seja possível integrar a utilização dos
bancos de dados dos diversos países abrangidos pelo Aquífero Guarani e modelar
a hidrodinâmica do sistema, permitindo identificar as áreas mais frágeis que deverão
ser protegidas.
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